terça-feira, 14 de setembro de 2010

A ESTÉTICA QUE SEPARA A CRÍTICA DO ELOGIO

Minuto 68 do Benfica-Hapoel Telavive: A bola, tantas vezes sua inimiga, aparece-lhe na frente, sem oposição. Golo! Óscar olha para as bancadas e leva o indicador à boca, exigindo silêncio aos adeptos. Uns continuam a aplaudir, mas a maioria condena o gesto e assobia o jogador...que tinha acabado de fazer o segundo para os "encarnados".
Aqueles segundos pós-golo retratam na perfeição os três anos que Óscar Cardozo leva de "encarnado". Será, possivelmente, o jogador que mais divide os adeptos benfiquistas, e nem mesmo os 38 golos apontados na temporada passada parecem ter colocado um travão nas dúvidas que assolam a massa adepta.
Desde que chegou à Luz, em 2007-2008, "Tacuara" tem vivido numa espécie de turbilhão: dizem que falha demasiados golos, que é lento, que não tem agressividade para combater as defesas contrárias, que trabalha pouco no jogo. Esteticamente não é um "regalo para a vista", não destrói defesas em drible, mas está muito longe de ser o "tosco" que muitos apregoam.
O seu raio de acção pode ser reduzido, mas em espaços curtos decide rápido e coloca a bola onde quer. A chegada de Saviola deu-lhe outra projecção, ajudou-o a aproveitar esses espaços.
Jorge Jesus veio dizer que Cardozo não está bem fisicamente, que quer, mas ainda não consegue, pois iniciou mais tarde a pré-época.
Os passes não saem, o instinto não aparece e os adeptos desesperam, assobiam o jogador...que tinha acabado de fazer o segundo para os "encarnados".

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